LIBERDADE

Quando penso que já passaram 24 anos sobre o 25 de Abril de 1974, interrogo-me frequentemente sobre o que é que, de facto, foi mais importante.

Por muitas voltas que dê, chego sempre a esta conclusão: as liberdades, designadamente a liberdade de expressão e a imprensa livre.

A importância da liberdade conquistada em 25 de Abril de 1974 só pode compreender-se se voltássemos a viver (ou se, pelo menos, formos capazes de imaginar) a sua ausência.

Antes do 25 de Abril, esta crónica iria à Censura para ser analisada e, eventualmente, cortada. Este jornal seria inspeccionado à lupa. Muitas vezes, os artigos e as fotografias seriam recusados.

Antes do 25 de Abril, uma simples reunião era suspeita e um espectáculo era um atentado em potência.

Antes do 25 de Abril a crítica era recebida com ameaças, com a prisão, com violência.

É bom que isto se recorde hoje. Hoje que estamos estão habituados a ser livres e a viver esta nossa liberdade de expressão com tanta naturalidade.

É bom que isto se diga para que não admitamos sequer o renascimento de qualquer forma de restrição da liberdade.

Para mim, a liberdade de expressão e uma imprensa livre são as conquistas mais preciosas que alcançámos com o 25 de Abril. Claro que outros aspectos fundamentais da nossa vida e do nosso país mudaram. Mas nada seria igual sem liberdade. Quanto mais não seja a liberdade de exigir mais mudanças, melhores mudanças.

Por absurdo, imagine-se o que seria o regresso da censura. É difícil imaginar, não é? E, felizmente, seria impossível aceitar. «Só» por isso, o 25 de Abril valeu a pena.