Devo dizer, em primeiro lugar, que sou há muitos anos um grande admirador de Herman José. Para mim revolucionou o humor em Portugal sendo autor/actor dos melhores programas do género dos últimos 20 anos. Personagens como a Maximiana, o Tony Silva ou o Diácono Remédios são uma referência na nossa memória colectiva.
Durante estes anos, com o seu talento, Herman José desenvolveu ódios e paixões. É impossível ficar-lhe indiferente.
Infelizmente, nos últimos anos, para grande pena dos seus fãs, ficou menos exigente e começou a «era dos talk-shows» em detrimento dos programas de humor. (Quase) perdemos um cómico e não ganhámos um apresentador/entrevistador. Como saldo, apenas ganhou Herman José. Ou melhor, a sua conta bancária...
A notícia desta semana (mais importante do que a do «novo» governo de António Guterres...) foi a da transferência de Herman para a (antigamente) odiada SIC.
Esta operação vai, certamente, render-lhe muito dinheiro e a SIC dá mais uma machadada na debilitada RTP.
Muitos viram nesta decisão de Herman José uma «traição» por causa do dinheiro. Não sei se o que o motivou foi («apenas») o dinheiro ou o puro desafio de ir para a SIC. Isso só o futuro o dirá.
Se Herman José for capaz de voltar a surpreender-nos com o seu génio criativo, então saberemos que a RTP já não era suficientemente motivadora para o artista.
Se, pelo contrário, Herman José baixar ao nível da SIC (estilo Baião e não só...), então teremos a certeza de que o artista, qual futebolista em fim de carreira, foi para a SIC para ganhar umas (largas) massas antes da reforma.
Espero que a SIC nos devolva o melhor de Herman José. Se, para isso, a SIC tiver de pagar-lhe muito dinheiro, ainda bem.
Será um verdadeiro serviço público que nos presta....
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PS:
Herman José, convém referir, sempre teve uma atitude de clareza em relação ao dinheiro que ganha. Ao contrário de muitos, nunca escondeu que ganhava (muitíssimo) bem, que tinha prazer em ter dinheiro e em ter as coisas que o dinheiro permite comprar. Isso é um bom exemplo de como se deve encarar o sucesso: sem medo, sem vergonha, sem pudor. Se ele o merece, se ele o ganhou honestamente, porque não mostrá-lo? Porque não saboreá-lo?