MEDICAMENTOS E LÓGICA DO MERCADO

Os jornais denunciaram o que pode ser considerado um verdadeiro escândalo: o Estado português está a pagar, em cada ano, mais 700 mil contos na comparticipação de medicamentos do que o necessário. Ou seja, existem no mercado dos medicamentos, alternativas mais baratas com os mesmos efeitos no tratamento dos doentes.

As diferenças chegam aos 40%. Pergunto-me: os medicamentos mais baratos são ou nãotão eficazes do que os mais caros? Se são, porque é que o Estado comparticipa os mais caros e não impõe os mais baratos? Claro está que quem paga somos todos nós, os contribuintes…

E uma outra questão pode/deve ser colocada: não seria mais útil aplicar estes 700 mil contos gastos a mais na resolução de outras carências na área da saúde?

Evidentemente, o Estado não deve intervir radicalmente num mercado, mas também compete ao Estado alguma mediação num negócio que diz directamente respeito à saúde e ao bem estar dos cidadãos.

Algumas pessoas objectam que impondo os medicamentos mais baratos, o Estado condicionava a livre escolha do médico e/ou dos pacientes. É uma falsa questão. A comparticipação poderia ser sempre a mesma assumindo, para qualquer marca, o valor absoluto que correspondesse à comparticipação da marca mais barata.

O doente e o seu médico poderiam, se o desejassem, optar pelo mais caro. Mas o Estado e nós, os contribuintes, não pagaríamos mais por isso.

Do meu ponto de vista, os contribuintes têm o direito de exigir que os seus impostos sejam bem administrados. E assim não vamos lá.